
A pergunta de um visitante do Blogue ― «Se a lista A é encabeçada por um candidato a Reitor, porque é que esta não faz o mesmo?» ― dá-me azo a que apresente aos eleitores a razão principal porque integro a Lista B.
Faz bem a Lista B em ter um cabeça de lista que, explicitamente, não é candidato a Reitor. Faz bem a Lista B em não apoiar ninguém, por antecipação, ao cargo de Reitor. Isso legitima, credibiliza e responsabiliza pessoalmente cada um dos membros por ela eleitos para, a todo o momento, analisar em consciência o que estiver em causa e decidir individualmente com inteira liberdade face ao cabeça de lista.
A eleição do Conselho Geral (CG), por mor das suas funções, é uma finalidade em si mesma, não devendo estar condicionada por móbiles alheios ou agendas paralelas ― por mais legítimas e até louváveis que sejam! O compromisso prévio da Lista B com um Programa e uma candidatura a Reitor, além de extemporâneo, enfraqueceria a dignidade e o prestígio próprios do Órgão enquanto tal ― que de modo nenhum se esgota na eleição do Reitor ― e poderia condicionar a liberdade e a independência do CG quer na cooptação das personalidades externas quer, posteriormente, na eleição e fiscalização do Reitor eleito. Faz pois muito bem a Lista B em não deixar afunilar nem anexar a eleição do CG à do Reitor. O CG, como órgão máximo do governo da Universidade, tem de ser independente e autónomo para, a seu tempo, apreciar em igualdade de circunstâncias todas as candidaturas que lhe forem presentes ― ou mesmo fomentar a candidatura dos que entender mais bem preparados para tal.
É salutar e de saudar vivamente o facto de já haver candidatos assumidos a Reitor da UBI. Tal revela, ad intra et ad extra, a maturidade da UBI e credibiliza-a perante as suas pares. Mas há um tempo para tudo. Não ponhamos o carro à frente dos bois. No dia a seguir à eleição do Reitor começa a função mais decisiva do CG: não apenas a fiscalização daquele, mas sobretudo, em meu entender, pensar estrategicamente a UBI e inscrevê-la no longo prazo.
José M. S. Rosa
Dep. de Comunicação e Artes - Faculdade de Artes e Letras
15 comentários:
Este é o meu segundo (e prometo que será o último) comentário a esta questão.
O princípio de que o Prof. José Rosa e outros candidatos falam é louvável mas é preciso ser ingénuo, não conhecer o passado da UBI ou estar muito tempo ausente dos seus corredores para acreditar que o que une os elementos da lista B hoje não os voltará a unir daqui a poucas semanas/meses na escolha do reitor.
Pode o Prof. Tomé dizer que não vota em bloco com ninguém ou pode alguém chamar-me fantasioso mas para mim é claro que os elementos da lista B deverão ter uma visão comum (ou próxima) de universidade e sabem quem poderá concretizar essa visão.
Ora, quando ocultam o nome da personalidade (ou personalidades) que gostariam de ver a conduzir a universidade estão na prática a pedir um cheque em branco aos restantes professores.
Já agora se a crítica que é feita à lista do Prof. J. Queirós é a de que é liderada por um candidato a reitor pode o Prof. Venâncio garantir que não será candidato a reitor? E o nº 2? E o nº 3? Podem TODOS os elementos efectivos da lista B garantir que não vão ser candidatos a reitor? E os suplentes não serão?
Não existirá na lista B também um candidato a reitor mas neste caso não assumido?
Este é que é o problema da falta de transparência...
Gostei deste esclarecimento e concordo. Ter uma lista, com um candidato já perfilado a Reitor, não parece muito ir ao encontro do espírito dos novos estatutos, nem da Lei que lhe deu origem. Aliás, noutras Universidades a tendência é também pautada por listas de pessoas desapegadas do poder e que pretendem fiscalizar o Reitor e não porem lá um Reitor que os proteja.
Na primeira mensagem que aqui deixei, exaltava os signatários deste blog a se pronunciarem sobre uma questão em concreto. Agora, depois de ler as opiniões de ilustre colegas, percebo que seja quiça demasiado cedo para fazer esse exercício. Mérito deste blog. No entanto, isso não invalida que continue a entender que é no aprofundar das declarações de princípios que se devem centrar parte da discussão futura. É isso que espero que venha a acontecer.
No entanto, fazer o exercício proposta aqui pelo "prof auxiliar" parece-me completamente redutor já que deita por terra qualquer tentativa de discussão de fundo e que se pretende e deseja alargada e participada. Em última análise, o "prof auxiliar" sugere que as competências estatutárias do CG são uma fraude, já que se esgotam na simples, ainda que importante, eleição do reitor. Como acha isso óbvio, insiste que terá de existir por parte da lista B uma acção concertada e oculta nesse sentido.
Será que a possibilidade de participar de forma descomprometida e aberta é "boa demais" ou antes demasiado assustadora? Será que isso não é possível em democracia? Que há bruxas? Lá isso há, mas só me vou ocupar delas quando passar para o outro reino.
O assunto Reitor está a contaminar aquilo que deveria ser a escolha de Conselheiros que terão que se entender entre si, como alguém já escreveu neste blogue. Para bem de toda a UBI espero que entre os eleitos da lista A e os eleitos da Lista B prevaleça o bom senso na altura de tomar decisões e que todos pensem por si. As listas não são partidos estou certo que nenhuma instituiu a figura de disciplina de voto
Tão cedo quanto possível aconselho os elementos da lista A, pode ser só no dia 7, a desligarem-se de qualquer compromisso prévio. Isto não significa que na altura certa, daqui a uns meses, não concluam que a melhor opção para a UBI continue a ser, no entender deles, igual à que já tinham tomado antes das eleições.
Elogios à lista B por este espaço de discussão pública.
Meus caros colegas! Respondendo directamente ao «Prof Auxiliar», sublinho apenas o seguinte:
O Prof. Venâncio já declarou publicamente que não se candidatará a Reitor. E ele é um homem de Palavra! Entenda: não há, a meu saber (nem deve haver!) qualquer nome oculto, não assumido ou escondido na manga para lançar no dia a seguir ao da eleição do CG. Tal seria instrumentalizar esta eleição (CG) em função de outra (Reitor). E isso, em meu entender, não é o melhor para os superiores interesses da UBI, como um todo, à qual só pode interessar um CG com prestígio e dignidade. Quem pode ter medo de um CG livre e independente? Ninguém pede «cheques em branco» a ninguém: pede-se apenas que se queira ter «consciências» no CG da UBI
(e isto não encerra nenhum juízo, singularmente, sobre qualquer candidato da Lista A, pois tenho muita estima e admiração pessoal/intelectual por alguns deles, dos quais conheço a probidade: deixemo-nos pois de maniqueísmos!)
Também por isso, Nota Bene: ninguém pode, só por integrar uma lista, ficar cerceado do legítimo direito de, se assim o entender singularmente, se apresentar como candidato. Mas isso será uma decisão inteiramente pessoal que nunca vinculará a Lista B nem como um todo nem qualquer dos seus membros.
Meu caro: será assim tão difícil acreditar? Note que o princípio da suspeita volta-se também contra quem o formula. Serei ingénuo, como diz? Talvez. Mas creio na possibilidade da desígnios nobres nas Instituições (no sentido da 'Política' de H. Arendt). Foi assim que a «Universitas» galgou séculos...
Algum dos elementos da lista B pode explicar qual o significado do Professor Doutor António Fidalgo estar em último dos suplentes?
Será que temos dois candidatos a Reitor:
1. O professor João Queiroz- líder da lista A
2. O professor António Fidalgo - último dos suplentes da lista B?
Estarei enganado?
- Estimado José Rosa e restantes colegas que partilham da mesma opinião: Não me parece nem adequada nem justa a vossa reclamação por o Prof. João Queiroz se apresentar a encabeçar a lista A neste escrutínio para o CG.
1. É uma posição inadequada porque, no essencial, estão a pugnar pela tese de que certos colegas não devem candidatar-se a certas funções por terem declarado,sob um princípio de transparência que louvo, as suas perspectivas/intenções sobre a Universidade. A inadequação é manifesta - movem um processo quanto às intenções/opiniões do colega procurando assim não só retirar crédito como legitimidade à sua candidatura. Acresce que, ao que parece, essa é a razão principal(mas do princípio ao fim negativa) para alguns escolherem a lista B. Pergunto: não seria mais construtivo avançar c/ razões positivas a favor da lista B em vez de especular sobre agendas paralelas e móbiles alheios? É que haveria tantos pontos interessantes a abordar...
2. Mas a vossa posição chega a ser injusta para o actual Presidente do Conselho Científico da UBI. Falam de afunilamento, de instrumentalização do CG para efeitos de eleição a Reitor,etc. Corresponderá isto à verdade? Li atentamente a declaração do Prof. Queiroz e devo dizer que não encontrei nada do que se pinta nestas paragens(aliás, não percebo como um lista que pode contar com o Prof. Queirós à cabeça possa ser considerada 'aventurosa' como li algures). Imaginem os colegas um circunstância em que a Lista B fosse vitoriosa - não seria bom para todos contar com o actual Presidente do Conselho Científico da UBI no CG, mesmo que nessa circunstância pudesse até nem vir a ser candidato a reitor? Se os colegas concordarem comigo, então nunca tiveram razão na reclamação inicial. Se não concordarem comigo, então o vosso ponto de início foi sempre outro.
Enfim, lamento que no essencial a dicussão não esteja centrada na UBI, na investigação científica, no que há que preservar e no que há que melhorar, mas tão-só na existência/composição da Lista A. Será que se não existisse Lista A, a Lista B deixaria de fazer sentido? Pelas declarações dos estimados colegas chega a parecer que sim, o que seria uma pena.
Votos de sucesso em todo o caso.
Votos de fraternidade sempre!
A lista B faria sempre sentido, mesmo sem a A (mudava era a letra). Só que nessa altura a composição seria mais alargada. Pelo que conheço (e conheço bem) há elementos da lista B que eventualmente poderão vir a votar em candidatos que não a integram. O mesmo não vejo ao contrário, ou seja, na lista A não vejo ninguém a não votar JQ. E é uma diferença que não retira valor a ninguém apenas à forma de constituição das listas.
Comentando, sobre forma de questões, os comentários do anónimo,
Qual seria o futuro reitor da UBI na eventualidade de não existir Lista B? Sabe a resposta? Se sim é mau porque no nosso entendimento ninguém poderia saber essa resposta antes do Conselho geral estar formado. Isto não significa que eu considere negativo o facto de individualidades da UBI se mostrarem disponíveis para tão árdua tarefa. Apenas consideramos negativo a insistência de colar estas eleições com as eleições do Reitor. Somos nós também culpados desse facto? Provavelmente somos, mas acredite não foi nossa intenção. Sabe as dificuldades em apresentar uma lista sem candidato pré definido? Sabe quantos dos estimados colegas nos disseram que a partir do momento que havia uma lista com um candidato assumido não fazia sentido haver outra lista, ou outras listas, que não apresentassem um candidato a Reitor? Tal não se deveu à má fé dos colegas mas apenas ao completo desconhecimento das funções do Conselho Geral.
Pode falar de intenções negativas da nossa parte mas algum mérito deverá atribuir-nos. Hoje na UBI, graças à lista B, a comunidade universitária tem uma noção mais correcta do que é o Conselho Geral, isto independentemente das intenções de voto de cada um na próxima 5ª feira.
Já agora sabe qual seria o futuro Reitor se só existisse lista B? Espero que a resposta seja não.
Para não terminar com perguntas, termino com uma observação honesta do meu sentir.
A única coisa mais negativa para a UBI do que só existir a Lista B seria só existir a lista A.
A existência de duas listas é um sinal de vitalidade e maturidade da UBI. É obvio que eu gosto mais da diversidade existente na lista B mas não gostaria que fosse a única lista concorrente.
António Tomé
Tenho uma explicação para a questão de um dos anónimos sobre o significado do Professor Queirós ser o primeiro nome da Lista A e o Professor Fidalgo o último suplente da Lista B. O primeiro já se assumiu como candidato e a lista A é a lista dos seus apoiantes declarados.
O professor Fidalgo é uma reserva moral da instituição, como existem outros, e a lista B uma lista de candidatos a um Conselho Geral independente. Por que é que é tão difícil aceitar o óbvio?
Ainda sobre candidatos et al.
A lista B, de facto, não apresenta candidato(s) a reitor. Basta ler a nossa declaração de princípios para preceber o que nos une.
Se esta lista (a lista B) fosse formada a pensar num candidato, corriamos o risco de estar a servir o projecto pessoal de alguém, passando para segundo plano todas as funções (para além da nomeção do reitor) que torna o CG tão importante.
Prova disso é que esta lista não tem um único interlocutor/esclarecedor. Consultem bem este blogg e verão que todos os candidatos expressam a sua opinão. Será que podemos dizer o mesmo para a outra lista ...
Será útil ter o actual presidente do Científico no conselho Geral? Questão deixada por um comentador. Gostaria de perguntar se possui alguma avaliação negativa ou positiva da forma como esse cargo foi exercido ou se considera que só o facto de exercer o cargo é suficiente?
O CC científico não desaparece com as novas regras? Como irá isso afectar os professores e alunos? Não teria o Presidente do actual CC a responsabilidade de explicar e difundir melhor os pressupostos dos novos órgãos de Gestão que resultam da nova lei e dos novos estatutos? Ou a culpa da quase completa ignorância que vive a academia sobre o assunto deverá ser atribuída exclusivamente ao Prof. Santos Silva
Alguém da lista B coloca a hipótese de votar no Professor João Queiroz para Reitor, se achar que é o melhor projecto para a UBI?
Gostaria de ser esclarecido. Ou votam no melhor projecto, excluindo logo de início o projecto do Professor Doutor João Queiroz?
Ohhh “anónimo”. A questão aqui é ao contrário: alguém da lista A votará num candidato que não seja João Queiroz? Não! Se não, seria considerado traição. Vão votar todos em bloco, senão não estavam na lista.
É o que parece fazer sentido … mas a eleição para Reitor ainda vem longe. E tudo na vida é dinâmico e relativo, até o João Queiroz sabe que não pode contar com as favas todas. Depois de o CG estar constituído, outra música soará. Aí é que vamos ver quem tem ideias e maturidade para “segurar” e "conduzir" a UBI.
Até era positivo que se perfilassem 3 ou 4 candidatos. Ahh, e que dessem a conhecer as suas ideias através de, por exemplo, um blogue. Toda a comunidade ubiana quer acompanhar as eleições. Mas é necessário debate, documentos escritos e ideias expostas.
Como apareço no final da lista de suplentes (e ainda bem!) duvido muito que venha a estar na posição considerada pelo anónimo das 15:28. Mesmo assim quero dizer que era o que faltava que eu votasse nalguém que eu não considerasse "o melhor projecto para a UBI". Sim, votaria João Queirós, se assim entendesse.
Mas, já agora, gostaria de dizer que me parece que "o melhor projecto para a UBI" não se consubstancia unicamente no reitor e na sua esfera de acção. Igualmente importante (pelo menos) é o Conselho Geral, antes e depois da eleição do reitor, seja quem for que venha a ser escolhido para esse cargo. E é isso que agora está em jogo.
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