sábado, 15 de novembro de 2008

DESMISTIFICAÇÃO DO ENQUADRAMENTO REGIONAL

Quando muitos de nós falamos da importância regional da UBI e que essa mesma importância regional deverá ser considerada na cooptação de individualidades para integrarem o CG não nos estamos a referir, obviamente, à cooptação de políticos ou a presidentes de colectividades desportivas locais. Eu incluo-me no grupo daqueles que consideram vantajoso alguma relação entre os cooptados e a região. Tal não significa, porém, que não devam, em simultâneo, ser figuras de relevo nacional ou mesmo internacional.

Não menosprezando a abnegação de algumas individualidades que, sem história comum com a UBI ou sem “raízes” na região, pudessem estar dispostas a contribuir, com tempo, trabalho e saber, para o desenvolvimento da UBI, afigura-se-me muito difícil descobrir tais individualidades e afigura-se-me ainda mais difícil possuir de antemão algum grau de certeza que os cooptados nessas condições estivessem realmente disponíveis para algo mais do que o simples uso do seu nome. Por outro lado, a existência de algum relacionamento profissional ou afectivo com a região, ou com a UBI, fornece alguma garantia do envolvimento futuro dos cooptados na discussão de soluções e escolha de caminhos a trilhar, com vista ao progresso e desenvolvimento da Universidade.

Contava-me o Prof. Pinto Peixoto que aquando da criação do instituto politécnico o Dr. Duarte Simões terá ido, com grande humildade, bater à porta de muitos professores catedráticos originários da Beira Interior pedindo-lhes auxílio para implementar o ensino superior na região. Não foram os benefícios financeiros, ou profissionais, que poderiam auferir que motivou uma resposta positiva de muitos desses professores, mas sim a afectividade e a vontade de contribuírem para o desenvolvimento da região que os viu nascer.

Gostaria que cada um dos que trabalham, estudam e investigam na UBI se interrogassem sobre quantas das figuras “nacionais” sem raízes na região, cujo perfil tem sido ventilado por alguns nas últimas semanas, não estão entre aqueles que pensam que o país lucraria mais com um reforço de meios nas universidades do litoral, defendendo um abandono progressivo na aposta do ensino universitário no Interior? Afinal de contas, dizem eles, o país é pequeno, tem recursos limitados e já está bem servido por vias rodoviárias.

A Universidade da Beira Interior deve almejar a ser uma instituição de ensino e investigação de qualidade, que orgulhe os seus professores, alunos, funcionários, a região e o país. O enquadramento regional da UBI não é sinónimo de menoridade, ao contrário, justifica a sua existência e o esforço financeiro do país no seu progresso. As individualidades a cooptar têm que ter uma convicção firme que é vantajoso para o desenvolvimento harmonioso do país uma aposta forte no ensino superior de qualidade na Beira Interior.

Desenquadrar a UBI do interesse da região e avaliar a sua importância apenas em função de um qualquer parâmetro isolado (e.g. número de publicações ou outro qualquer) é fornecer argumentos aos que apregoam que o esforço financeiro associado daria mais frutos se canalizado para outras instituições nacionais de maior dimensão.

António Tomé

9 comentários:

Anónimo disse...

Caro António Tomé:
Lamento não concordar consigo. A UBI deve cooptar nomes de prestígio nacional e internacional. A nossa instituição deve dar ao País um sinal de qualidade e não de uma instituição que necessita da discriminação positiva do governo central. A nossa instituição deve competir com as instituições do litoral, sem qualquer discriminação positiva por parte do estado. Os dinheiros públicos devem ser distribuidos com um critério único: EFICIÊNCIA. Existem excelentes exemplos na nossa instituição. Por exemplo, o Professor Paulo Oliveira tem certamente lugar em qualquer Universidade do Litoral. Vamos seguir os bons exemplos que existem na UBI, com o objectivo de existirem muitos Paulos Oliveiras, em vez de existirem somente 3 ou 4...

Anónimo disse...

Caro anónimo,
Voce deve viver nas nuvens. Ou não conhece bem a nossa realidade. Qtos docentes com a fibra do Prof. Paulo Oliveira acha que vão chegar ao topo de carreira? Até os há, mas estão muito cá para baixo na carreira.
Podia ser o Prof. Paulo Oliveira um dos dinamizadores da investigação na UBI? Podia. Talvez não tenha aptência para ser Reitor, como alguns defendem neste blogue, mas tem uma visão de como a investigação pode e deve ser feita.

António Tomé disse...

Caro anónimo das 9:50 (18 de Novembro) não precisa de lamentar o facto de não concordar comigo. Eu pessoalmente não fico nem aflito, nem assustado e muito menos zangado quando existem opiniões discordantes das minhas.

Contudo, talvez não discordemos assim tanto. Eu também penso que a UBI deve cooptar figuras de relevo nacional e/ou internacional mas preferencialmente com raízes, ou outro qualquer laço afectivo, na região.

E parece-me transparecer do meu texto que a UBI deve ser sinónimo de qualidade. Mais uma vez estamos de acordo.

Quanto à palavra eficiência aí devo dizer que a sua noção e a minha diferem. O simples facto de manter os edifícios e a estrutura de uma universidade tem custos (elevados) que seriam evitados se os parâmetros de eficiência que estão na sua mente, quaisquer que eles sejam, fossem pedidos, como um extra, a outra instituição de maior dimensão que a UBI e cujos custos de manutenção o estado português já está igualmente a suportar.

A decisão de manter uma Universidade no interior é já de si onerosa por muito eficiente que a mesma seja. Essa decisão é obviamente política e está associada à visão de cada um sobre o desenvolvimento integrado do território nacional. Compete-nos a nós fazer com que aqueles que defendam o esforço financeiro do estado na manutenção e desenvolvimento da UBI não se sintam defraudados pelo nosso comportamento. Nomeadamente, na qualidade do nosso ensino, na honestidade dos graus académicos que atribuímos e na qualidade científica dos nossos trabalhos.

António Tomé

Anónimo disse...

Caros Colegas

Parece-me inevitável que o estado deva fazer um esforço financeiro para que o país se reequilibre. Não podemos de um momento para o outro, com todas as contigências da nossa história, competir de igual para igual com as principais Universidades do litoral. Isto não quer dizer que o nosso objectivo final não seja esse e não trabalhemos para tal! Muito menos que a nossa situação geográfica sirva de desculpa para a passividade. Assim, as pessoas a cooptar devem, no meu entender, ter sensibilidade para a importância de instituições como a nossa para o equilíbrio do país e para as difuldades inerentes à sua história e situação geográfica. Mas atenção!!! Muito cuidado com as "pessoas da terra" e com o risco deste discurso derrapar para o provincianismo.

Anónimo disse...

Caros Colegas

Parece-me inevitável que o estado deva fazer um esforço financeiro para que o país se reequilibre. Não podemos de um momento para o outro, com todas as contigências da nossa história, competir de igual para igual com as principais Universidades do litoral. Isto não quer dizer que o nosso objectivo final não seja esse e não trabalhemos para tal! Muito menos que a nossa situação geográfica sirva de desculpa para a passividade. Assim, as pessoas a cooptar devem, no meu entender, ter sensibilidade para a importância de instituições como a nossa para o equilíbrio do país e para as difuldades inerentes à sua história e situação geográfica. Mas atenção!!! Muito cuidado com as "pessoas da terra" e com o risco deste discurso derrapar para o provincianismo.

Anónimo disse...

Todos nós já ouvimos por inúmeras vezes a história do coitadinho. Aquele que reenvidica a discriminação positiva porque apregoa o intelecto reprimido quando que é o estômago que mais o almeja.

Sejamos claros. A UBI não compete com as universidades do litoral. A UBI compete com o mundo. Os meus artigos não são bons ou maus porque o litoral quer. São bons ou maus porque a comunidade internacional os reconhece como tal.

O perigo de provincianismo está na realidade neste raciocínio e não no da palavra, da pronúncia, das "pessoas da terra", ou dos costumes de uma região, à qual, de resto, tenho muito orgulho em pertencer.

Anónimo disse...

Caro Vasco Almeida

Cada um pertence à região que pertence e pode ter ou não orgulho nela. É uma questão que não me interessa.

Infelizmente, o nosso ordenado vem do estado português e não do orçamento japonês ou boliviano. O regime de acesso ao ensino superior é nacional e não asiático. Não vivemos na Holanda ou na Bélgica, centro de da Europa, onde as dez Universidades mais próximas podem estar a dez quilómetros do outro lado da fronteira. Vivemos num país que esteve fechado ao mundo durante décadas. Vivemos numa região de onde uma fatia grande da população emigrou para França, Alemanha, etc... É bonito desejar competir com o mundo, mas nesta altura do campeonato esse desejo não será um pouco estratosférico?
Concordo com o António Tomé: os interesses da UBI são indissociáveis dos interesses da região; o estado, que somos todos nós, tem que fazer um esforço
acrescido para manter um desenvolvimento integrado do país.
Isto não é a história do coitadinho. É a realidade que temos de aceitar. Tal como o Vasco Almeida, os meus artigos não são bons ou maus porque o litoral quer. São bons ou maus porque a comunidade internacional os reconhece como tal. Mas é o Terreiro do Paço que pode decidir a existência ou não da UBI. O que é uma chatice.
Existe, efectivamente, a possibilidade deste discurso derrapar para o provincianismo. Não só em palavras, mas em factos. Porque acha que em países desenvolvidos as pessoas são incentivadas a completarem a sua formação em diferentes Universidades? Não será para contactar cientificamente com escolas e pessoas diferentes numa perspectiva de enriquecimento pessoal? Não será para evitar excessivas relações de cumplicidade e redes fechadas de interesses? E o que acontece na nossa Universidade? É aqui que acorre o risco das "Pessoas da Terra", sem nenhuma crítica personalizada. Não é verdade que numa região com o mesmo número de habitantes que um pequeno bairro Nova Iorquino as relações entre as pessoas são muito estreitas, para o bem e para o mal? Que as afectividades, espontâneas e de salutar, podem concorrer para o bem e para o mal? Se A é vizinho de B que, por sua vez é tio de C, não será mais fácil conseguir a vantagem X sobre D?

Um abraço

Anónimo disse...

Mais uma razão para a UBI reflectir bem sobre quem vai pôr a dirigir a nau nos próximos 4 anos. Tem de ser alguém com capacidade para convencer o Terreiro do Paço que a nossa Universidade tem sentido de existir e não em ser fundida com outra ou apenas ficar a faculdade X. Alguém com “calo” suficiente para ajudar a ultrapassar a crise que vai chegar em 2010. Alguém que evite divisões na UBI que só contribuiriam para um clima de conflito. Alguém com profundo conhecimento dos efeitos de decisões mal amadurecidas. Há duas ou três pessoas que poderão assegurar uma transição serena.

Anónimo disse...

Caros Colegas da nossa Instituição:
Ao que parece, tenho de dar os meus parabéns aos Professores Doutores: 1) João Queiroz; 2) António Fidalgo; e 3) Jorge Barata. A razão de tal prende-se com os muito bons conseguidos pelos centros de investigação pelos quais são responsáveis. Muitos parabéns pelo sucesso que muito prestigia a nossa instituição. Muito bom, sim, já é prestígio para a UBI. Senhores Professores João Queiroz, António Fidalgo e Jorge Barata, continuem o vosso esforço. A próxima meta tem de ser o nível de excelente.