terça-feira, 11 de novembro de 2008

QUEM COOPTAR? APRENDER COM A EXPERIÊNCIA

Figuras nacionais, regionais ou locais? Académicos ou políticos? Empresários ou personalidades públicas? As opiniões dividem-se e haverá argumentos a favor e contra este ou aquele tipo de membros a cooptar. Pode ser que sirva de contributo a experiência havida com os membros cooptados nas Assembleias Estatutárias (AE). Recordo que estas eram constituídas pelo reitor, por 12 professores e 3 estudantes eleitos a quem competiu a cooptação de 5 personalidades. Ao todo 21 elementos.

Houve problemas com os membros cooptados em grande parte das Assembleias Estatutárias. Em universidades grandes, em universidades pequenas, os membros cooptados fizeram-se notar por um grande ausência e até desistência. A ideia de cooptação é excelente, pois que incorpora no órgão cimeiro da universidade outras perspectivas sociais, culturais e económicas. Mas também é uma ideia generosa que não está na tradição latina ou mediterrânica de empenhamento cívico, típico dos países anglófonos. Ou seja, as personalidades aceitaram o convite de bom grado, mas depressa o confronto com a realidade universitária, o "tempo perdido" das discussões e de debate de pormenores a que estavam completamente alheios, o receio de se envolverem em divisões (nalguns casos divisões saudáveis) entre professores, as agendas pessoais demasiado preenchidas, levaram a que se distanciassem do processo, nomeadamente faltando às reuniões.

Os membros cooptados pela AE da UBI foram-no por unanimidade. E considero que, não obstante algumas peripécias, foi um processo que correu bem. Mas o que é um facto é que dos 5 membros cooptados apenas 2 estiveram presentes nas reuniões terminais com os órgãos da Universidade e só esses dois votaram finalmente os Estatutos. Houve 2 membros que por condicionalismos da sua vida profissional apenas estiveram na reunião em que tomaram posse.
Claro que o Conselho Geral irá fazer o seu regimento e aí estabelecerá eventualmente um regime de faltas, com justificação, sem justificação, seguidas, intercaladas, etc., com uma possível perda de mandato (regimento que não havia na AE). Mas o que a experiência ensina é que as melhores intenções podem não ter uma tradução na realidade.

A cooptação deveria reger-se por princípios de humildade e prudência. De que valerá cooptar um nobel americano ou uma das estrelas públicas portuguesas (um Belmiro, um Amorim, um Marcelo) se no fim pura e simplesmente não puderem vir às reuniões? Lembro que as grandes personalidades que apadrinharam crescimento da UBI no início, e estavam no Senado e na Coordenadora do Científico, tinham uma forte ligação afectiva à UBI por serem da região. O Prof. Pinto Peixoto, Presidente da Academia das Ciências, deslocava-se todas as sextas feiras à UBI porque a sentia da sua terra, Miuzela do Côa. Nada substitui um imprescindível vínculo afectivo.

Aquando da feitura das listas de professores para o CG falou-se muito da eleição do reitor, que na eleição para o CG estaria em causa, lá no fundo, nada menos que a eleição do reitor. Pois considero que a cooptação das 8 personalidades é tanto ou mais importante que a eleição do reitor. Destas personalidades escolher-se-á o presidente do CG, que irá convocar as reuniões, propor a ordem de trabalhos, dirigir os trabalhos, dar e retirar a palavra aos conselheiros e ao reitor que assistirá às reuniões, sem direito a voto.

Os 21 membros eleitos têm a legitimidade para decidirem quem cooptarão, mas assumem essa responsabilidade. Os outros membros da academia só podem fazer votos de que a cooptação seja um processo sereno e de grande sageza. É o meu voto.
AF

5 comentários:

Anónimo disse...

Talvez o CG deva elaborar uma lista de personalidades que podem ser discutidas no seio do CG. Podem ser considerados Professores que já colaboraram com UBI e que, conhecendo os seus problemas, poderão ajudar a encontrar soluções. Há vários que passaram por cá na última década e que, acredito, seriam assíduos nas suas visitas.

Anónimo disse...

Caro pela mudança gradual:
Essa das pessoas que passaram pela UBI indica claramente que está a indicar uma possível opção de personalidades próximas do actual Reitor. Estou enganado?

Anónimo disse...

Meu caro anónimo,
Não pensei em nada do que está a tentar adivinhar. Aliás, nem referi nomes já para não dar azo a interpretações viciosas. Fiz apenas aquilo que foi aqui pedido: sugestões de perfis de pessoas a cooptar.
É neste ponto que nos devemos concentrar e não em andar a tentar decifrar se este ou aquele nome estão associados a este ou aquele candidato. Não vamos entrar numa de caça fantasmas. Mal de nós se o CG entra por essa via. Mas talvez algum dos eleitos possa dar uma opinião mais concreta.

António Tomé disse...

As eleições já foram no passado dia 6 e o fantasma da eleição do reitor ainda paira na mente de muitos, apesar de ter havido, da nossa parte, ao longo de toda a curtíssima campanha eleitoral, um discurso simples e directo no sentido de alertar a academia de que as atribuições do Conselho Geral iam muito para além da simples eleição do Reitor.
Seria, portanto, incoerente pensar nas individualidades a cooptar em função de maiores ou menores simpatias que as mesmas poderiam ter sobre potenciais futuros candidatos a reitor. Rejeitar liminarmente individualidades que na última década deram um contributo positivo à UBI não seria apenas ingratidão seria falta de inteligência.

É evidente que haverá individualidades externas cooptáveis sem história comum com a UBI, tal não significa, porém, que se devam rejeitar todos os que no passado deram o seu melhor ao serviço da UBI.

António Tomé

Anónimo disse...

Bom, já que se está a falar de perfis de ilustres colaboradores da UBI, vamos ver se não cooptamos iluminados que se lembrem de propor cursos como os que são referidos neste blogue:
http://meubloconotas.blogspot.com/2008/04/no-d-para-acreditar.html

Saudações