quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A ELEIÇÃO PARA O CONSELHO GERAL


A finalidade desta eleição é a escolha de 15 elementos do corpo de professores e investigadores para integrarem o Conselho Geral da UBI. O Conselho Geral é um órgão de governo cujas funções são essencialmente as de eleger o Reitor e supervisionar a sua actuação. Desta forma os membros do Conselho Geral devem ter eles próprios uma actuação independente de quaisquer linhas de poder externas ao conselho e serem simultaneamente independentes internamente, entre pares.

Ou seja, o que se pretende na formação do Conselho Geral de uma universidade é que seja constituído por membros com pensamento autónomo, actuação independente e responsável, de forma a tomarem decisões ponderadas, no interesse da Universidade e das pessoas que a compõem – estudantes, funcionários, professores e investigadores – e no respeito pelos Estatutos.

Cada membro do CG pode e deve ter a sua visão sobre a missão e o papel da universidade. Pode ser uma visão com maior pendor para a investigação e criação e disseminação de ciência (como é a minha, para quem me conheça), ou para o desenvolvimento tecnológico e empreendedorismo, ou apostar sobretudo na excelência do ensino nos 1º e 2º ciclos, ou de promoção do desenvolvimento local e de prestação de serviços, etc. Há muitas, e o que me parece ser desejável é que todas estejam representadas no Conselho Geral.

Duas características que considero essenciais num cientista são a memória e a lucidez. A memória serve-lhe para reter tudo o que é relevante para um determinado assunto, o que foi lido, estudado, aflorado, ou de alguma forma possa ter interesse no contexto do problema em causa. A lucidez permite-lhe saber exactamente o que fez, e o que não fez. A Universidade possui também uma memória, que não se pode obliterar com o pretexto de se querer avançar mais “leve” para o futuro.

A UBI é uma universidade relativamente recente mas que tem tido um desenvolvimento assinalável. Atrever-me-ia a afirmar que, comparativamente com outras instituições portuguesas mais antigas, por exemplo o IST na minha área de saber, o desenvolvimento foi muito superior: olhando só para a investigação, o número de artigos científicos ao fim de 20 anos deve ser claramente superior ao do IST no período correspondente. É óbvio que os tempos são diferentes, mas devemos ter uma visão positiva da UBI; eu acredito nas capacidades da nova geração de professores e investigadores da universidade. A universidade consolidou-se, atingiu a maturidade e está actualmente, digamos, em regime permanente. Isto deveu-se, em larga medida, à estabilidade governativa decorrente da existência de somente dois reitores.

Entramos agora numa fase de maiores desafios, mudanças certas na forma de governar e dirigir a universidade; temos a sorte de poder tomar agora decisões ancoradas numa universidade consolidada e estabilizada. Pela primeira vez, iremos ter um órgão de governo que de facto pode apreciar e balizar os actos do Reitor, sendo independente deste.

Queremos um órgão frouxo, que se confunda com o próprio órgão de governo que é o Reitor? A minha resposta é não. A lista onde estou integrado inclui visões diversas do papel da universidade e não está globalmente conotada com qualquer eventual futuro candidato a Reitor. Terá, pura e simplesmente, de escolher o melhor, baseado no programa estratégico que este apresentar.


A Bem da UBI, Lista B

Paulo Oliveira
Dep. Engenharia Electromecânica - Faculdade de Engenharia

5 comentários:

Anónimo disse...

Ora bem. Fico feliz por verificar que o debate se pode aprodundar aqui. Estou de acordo que a integração de candidatos a Reitor anteriormente "assumidos" não deveriam estar em lugar elegível nestas listas. Há como que um vício de forma: "estarei no órgão que vai cooptar elementos externos que me vão eleger". De facto parece-me um vício de processo. Mesmo que essa colaboração seja benéfica e séria em geral. Pena foi não aparecer uma 3ª, talvez as tendências internas estivessem melhor representadas.

Anónimo disse...

O mais importante é cada membro do Conselho Geral pensar pela própria cabeça. Por isso, não posso estar mais de acordo com o Prof. Paulo Oliveira.

Anónimo disse...

Gostei da sua posição: desprendida, honesta e incisiva. Agora precisa de passar essa mensagem para os mais novos. A UBI é de todos e o caminho faz-se com trabalho e não tentando ficar na dependência de ninguém.
Já pensou candidatar-se a Reitor? Sabe que os mais novos poderiam gostar de ter uma pessoa como o Professor Paulo Oliveira à frente da academia? Se fosse a votos, você ganhava.
E voltando aos CV, é o único que tem o CV visível. Basta olhar para ver que é impressionante!

Anónimo disse...

Também gosto muito deste Prof.
Sóbrio na análise que faz, sem medo (um "D. Sebastião - o Desejado" ou um "Humberto Delgado - o general sem medo"), sem correntes, sempre só, discreto, mas eficaz.
Grande CV.
Grande exemplo para todos!
Sou da opinião do Serrano. Este é que devia ser Reitor! Mas os do CG não podem né?
Então como é que o lider da lista A quer ser Reitor? Depois de eleito para o CG vai abandonar o barco?
Ohh Prof. Oliveira, se tivesse apoio, consideraria ser candidato a Reitor? So responde se quiser. Não é uma casca d ebanana. Há muita gente que gosta mesmo de si.

Anónimo disse...

Matematicus, essa questão é pertinente. Pois é, então estamos aqui a eleger membros para o CG e, depois de eleitos, dão à sola e põem lá os suplentes? Isso não se faz. Vão imitar os deputados da Assembleia da República? Se são eleitos pelo povo, deveriam cumprir o mandato.
Já agora, mais uma provocação para a lista B. Quantos dos elegíveis na vossa lista vão ficar até ao fim?
Parece-me que, tanto numa lista, como noutra, há pessoas que não querem só ficar no CG (há os lugares de “vices” disto e daquilo, as “presidências” disto e daquilo, etc…).